parto vaginal

Elaboração do Plano de Parto: guia inicial

O plano de parto é uma ferramenta essencial de comunicação entre a gestante, sua família e a equipe de saúde. Trata-se de um documento que expressa os desejos, expectativas e escolhas da mulher para o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. Elaborar esse plano representa um exercício de protagonismo e autonomia da mulher sobre seu corpo e sua experiência de nascimento, sendo um ótimo momento para aquisição de conhecimentos e esclarecimentos sobre o momento vivido.

1. O que é um plano de parto?

O plano de parto é uma declaração escrita, elaborada preferencialmente durante o pré-natal, onde a gestante descreve como deseja ser cuidada durante as fases do parto, incluindo:

Esse plano deve ser lido e discutido com os profissionais de saúde, permitindo ajustes conforme a realidade do serviço e as intercorrências que podem surgir durante o processo de nascimento. Não é um contrato rígido, mas sim uma orientação baseada em direitos e evidências científicas.

2. Por que fazer um plano de parto?

Elaborar um plano de parto oferece diversos benefícios, tanto para a gestante quanto para a equipe:

3. Quando elaborar?

O ideal é que o plano de parto seja iniciado no terceiro trimestre da gestação, por volta da 28ª semana, mas pode ser revisto e ajustado a qualquer momento. Em gestações de alto risco, a elaboração deve ser feita de forma compartilhada com obstetra, neonatologista e demais profissionais envolvidos, considerando os riscos e as indicações médicas.

4. Como estruturar um plano de parto?

Um plano de parto pode seguir um roteiro simples e objetivo. Abaixo, uma sugestão de estrutura:

1. Dados da Gestante

Nome completo:
Nome do(a) acompanhante:
Idade gestacional: ______ semanas
Profissional de referência:
Tipo de gestação:
☐ Única  ☐ Gemelar  ☐ Habitual  ☐ Alto risco

2. Local do Parto

☐ Hospital público
☐ Hospital/maternidade particular
☐ Casa de parto
☐ Parto domiciliar assistido

3. Durante o Trabalho de Parto

Movimentação

☐ Permanecer deitada
☐ Liberdade para caminhar e escolher posições

Alívio da dor

☐ Banho de banheira ☐ Banho morno
☐ Bola de pilates
☐ Massagens
☐ Aromaterapia
☐ Apoio contínuo do acompanhante
☐ Analgesia apenas se solicitada ☐ Oferecer analgesia sempre

Alimentação

☐ Alimentação leve durante o trabalho de parto
☐ Prefiro jejum ☐ Prefiro avaliar no momento do parto

Ambiente

☐ Ambiente silencioso
☐ Luz baixa
☐ Música suave

4. Intervenções

☐ Não desejo episiotomia de rotina ☐ Desejo consentimento prévio para qualquer intervenção
☐ Não desejo rompimento artificial da bolsa ☐ Prefiro monitoramento fetal intermitente
☐ Concordo com indução apenas se necessária ☐ A critério da equipe, sempre me explicando

5. No Momento do Parto

Posição para parir

☐ Deitada
☐ Semi-sentada ☐ Cócoras
☐ De quatro apoios ☐ Na banheira
☐ Livre escolha no momento

Acompanhante

☐ Desejo a presença do acompanhante no parto ☐ Desejo permanecer sozinha

Tipo de parto desejado

☐ Parto vaginal espontâneo
☐ Parto vaginal induzido
☐ Cesárea apenas se indicação médica
☐ Cesárea eletiva planejada

6. Pós-parto Imediato

☐ Não desejo que seja feito colírio

☐ Contato pele a pele imediato

☐ Amamentação na primeira hora

☐ Corte do cordão feito pela mãe ou acompanhante

☐ Clampeamento tardio do cordão, após parar de pulsar

☐ Clampeamento do cordão após 3 minutos

☐ Desejo consentimento antes de colírio, vitamina K e vacinas

☐ Não desejo que sejam feitas vacinas

7. Em Caso de Cesariana

☐ Explicações claras antes da decisão
☐ Presença do acompanhante na cirurgia
☐ Ver o bebê no momento do nascimento
☐ Contato pele a pele pós-cirurgia
☐ Amamentação precoce
☐ Música no ambiente

5. Cuidados específicos em gestações de alto risco

Mulheres com gestação de alto risco — como diabetes gestacional, hipertensão, pré-eclâmpsia, gestação múltipla ou restrição de crescimento fetal — devem incluir no plano aspectos relacionados ao seu acompanhamento:

6. Considerações finais

O plano de parto não é apenas um documento, mas uma ferramenta que fortalece o vínculo entre a gestante e os profissionais de saúde. Ele precisa ser discutido com empatia e respeito, permitindo que a mulher se sinta segura, ouvida e acolhida. Embora o curso do parto possa exigir adaptações, os princípios de respeito à autonomia e protagonismo devem sempre ser preservados. Ele deverá ser elaborado por você inicialmente, com as informações coletas durante o seu pré-natal e nas pesquisas realizadas, para posteriormente ser discutido com o profissional que te acompanha.

Para garantir sua eficácia, é essencial que:

  1. O plano seja entregue na maternidade no momento da admissão
  2. A equipe de plantão leia e discuta com a gestante
  3. Haja disponibilidade para negociação e flexibilização, conforme evolução do trabalho de parto

Em suma, o plano de parto é um símbolo da humanização da assistência obstétrica. Sua elaboração é um passo concreto em direção a um nascimento mais respeitoso, seguro e centrado na mulher.

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